Satélite brasileiro detecta mancha de óleo e amplia cena do vazamento no Litoral do RN



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O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) identificou uma nova mancha de óleo, desta vez na costa leste, próximo ao Rio Grande do Norte. A imagem foi capturada pelo satélite sino-brasileiro CBERS, no dia 25 de julho de 2019.

De acordo com a imagem acima, do satélite CBERS-4AWFI, foi detectada uma mancha de óleo a 60 km de Touros (RN), com 100 a 200 km de extensão.

A nova imagem encontrada é importante por complementar a cena da dia 24 de julho, quando foi capturado o sinal de uma grande mancha de óleo, pelo satélite europeu Sentinel-1A, a 40 km de São Miguel do Gostoso (RN), na costa norte do Nordeste.

O Lapis é usuário cadastrado para receber os dados da plataforma CBERS, embora não tenha conseguido, em um primeiro momento, acessar o catálogo das imagens do dia 25 de julho. Todavia, após solicitar o acesso ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a imagem foi enviada ao Laboratório.

O Inpe justificou que ainda não havia disponibilizado a imagem no catálogo, em função de testes após uma troca de equipamento que processa a imagem em Cachoeira Paulista (SP).

Segundo o pesquisador Humberto Barbosa, responsável pelas investigações no Lapis, tudo indica que a mancha de óleo do dia 24 de julho, na costa norte do Nordeste, foi levada pelos ventos para próximo da costa leste da região, onde foi registrada pelo CBERS, no dia 25 de julho. 

>> Leia também: Novas pistas podem esclarecer definitivamente origem do óleo no Nordeste

Ele destaca que a imagem do satélite Sentinel-1A, do dia 24 de julho, com uma mancha de óleo próxima ao Rio Grande do Norte, norteou todo o avanço da pesquisa do Lapis. Agora, a cena capturada lá foi complementada pela imagem do satélite CBERS, do dia seguinte.

Imagem da mancha de óleo

Imagem do satélite Sentinel-1A, com mancha de óleo, no dia 24 de julho. Fonte: Lapis.

“A imagem do Sentinel-1A, foi peça-chave, pois permitiu ao Lapis eliminar a suspeita de que um dos cinco navios gregos poderia ter causado o vazamento de óleo no mar. Também conectou com uma segunda mancha de óleo do dia 19 de julho, no Litoral da Paraíba. E ainda nos permitiu indicar, pela primeira vez, um navio suspeito de cometer o crime ambiental no Litoral brasileiro”, destaca Barbosa. 

A nova imagem do CBERS, do dia 25 de julho, descarta definitivamente qualquer possibilidade de relação do navio Bouboulina com o derramamento de óleo no Nordeste, que passou ali somente dia 27 de julho. Para entender como o Laboratório chegou a essa conclusão, leia este post

Antes de o Lapis concluir sua hipótese sobre as manchas de óleo, a imagem do Sentinel-1A foi compartilhada com especialistas da Agência Europeia para Exploração dos Satélites (EUMETSAT), que indicaram referências bibliográficas para apoiar na interpretação do sinal de óleo pelo Laboratório.

Imagem do satélite sino-brasileiro reforça hipótese sobre origem da poluição

Satélite CBERS 04A durante testes no LIT/INPE

Satélite CBERS 04A sendo testado no Inpe. Fonte: Divulgação.

O CBERS é o quarto sensor utilizado pelo Lapis para o monitoramento de imagens retroativas, em busca da origem do vazamento de óleo que afeta todo o Litoral do Nordeste.

O satélite sino-brasileiro foi desenvolvido pelo Inpe, em parceria com a China. Até agora, foram utilizadas no monitoramento imagens dos satélites Sentinel-1A, do Aqua-Modis (Nasa), do NOAA-20 Viirs e do CBERS.  

No dia 17 de dezembro, será lançado uma nova missão do satélite, o CBERS 04A, após passar por testes, por quase 18 meses, tanto no Inpe quanto no Laboratório da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST).

As características do satélite sino-brasileiro são similares às de programas de Sensoriamento Remoto orbital, utilizados em todo o mundo, como Landsat (Estados Unidos), Resourcesat (Índia) e Copernicus (União Europeia).

No último domingo, 17 de novembro, o Lapis localizou uma segunda mancha de óleo, a 26 km do Litoral da Paraíba, a partir de uma imagem do satélite Sentinel-1A, do dia 19 de julho. 

Com as informações de satélites sobre a possível origem do vazamento de óleo na costa do Nordeste, foi possível identificar 111 navios-tanque que transportaram óleo cru por aquela rota, no período de 19 a 24 de julho, dias das imagens encontradas.

O avanço das investigações do Lapis permitiu identificar um navio-tanque suspeito de ter cometido o crime ambiental no Litoral brasileiro. Leia a matéria completa sobre a pesquisa, neste post

A embarcação saiu de um país asiático, no dia 01 de julho, e fez quase todo o percurso com o transponder desligado, aparelho que indica sua localização, com datas e horários específicos.

O navio fez um trajeto atípico, com uma manobra anormal para mudança de trajeto e retorno ao seu porto de origem, aparentemente sem paradas em portos. Para entender os detalhes da investigação, leia este post.

Na próxima quinta-feira, dia 21 de novembro, o Lapis vai entregar um laudo técnico à Polícia Federal e à Comissão Externa do Senado com os resultados da pesquisa sobre a origem do vazamento de óleo no Litoral Nordeste.

Acompanhe a cobertura completa das manchas de óleo no Litoral do Nordeste: 

Novas pistas podem esclarecer definitivamente origem do óleo no Nordeste

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COMO CITAR ESTE ARTIGO:

LETRAS AMBIENTAIS. [Título do artigo]. ISSN 2674-760X. Acessado em: [Data do acesso]. Disponível em: [Link do artigo].

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